Frege, Father of Disjunctivism – Charles Travis
Frege, Father of Disjunctivism
Charles Travis
27th February 2014 – Departamento de Filosofia
This series of seminars will consider two central issues in current philosophy of perception. One fits under the rubric disjunctivism; the other under the rubric representationalism. Both of these are issues which are often poorly understood. Hence in each case there are a variety of things going under the name. Disjunctivism and anti-representationalism often, but not necessarily, go together. It is probably most usual to locate that pair of positions (in recent philosophy) in the work of J.L. Austin, also (particularly disjunctivism) in J. M. Hinton. But a good deal of the motivation for both positions is found in Frege, whose most central concern, after all, was (the most general structure of) a particular kind of representation. Disjunctivism is closely linked with a concern for the publicity of thought and language; hence closely linked to arguments against the possibility of private language. Seeing this link can be a great help in seeing disjunctivism as sensibly motivated rather than as a piece of esoterica (as it often is seen by its opponents). In the seminar we will try to consider this matter in some detail.
One of the purposes of this seminar is thus to lead our two central issues back to Frege. From there we can examine their progress through Austin and Hinton. John McDowell is someone who—somewhat unusually—combines disjunctivism with a form of representationalism. His work also contains more different disjunctivisms (not just about perception) than most other philosophers. So we will also consider some of his work. I will present this in the context of a debate which has been going on between us for the last ten years. One might ask whether 10 years have yielded any progress. This is something we will try to see.
The most important text of Frege’s for our purpose is “Der Gedanke” (1918).
The most important text of Austin’s is Sense and Sensibilia.
The most important text of Hinton’s is “Visual Experiences”, Mind, 1967.
For McDowell, it is a good idea to read Mind and World, but the most important for our purposes will be “Avoiding the Myth of the Given” (2008), and his second Agnes Cuming lecture (Dublin, 2013), which I will make available.
As background for whoever is interested, the first 8 sections or so of Wilfrid Sellars’ Empiricism and the Philosophy of Mind has some interesting material.
It is also worth noting that Hinton is generally thought to have been responding to an important article of H. P. Grice called, “The Causal Theory of Perception”. (See his The Way of Words)
Austin and Hinton—and Frege—were also reacting to a whole raft of philosophers who are thought of nowadays as sense-datum philosophers (though not all of them would have called themselves that). These include, importantly, H. A. Prichard, H. H. Price, G. E. Moore, and most directly in Austin’s case A. J. Ayer. The curious may want to read some of these. Perhaps the only thing that all had in common (though Ayer would deny that he had it) was a conviction that whatever it is we see, it certainly is not the extradermal world—our surroundings. The reasons why they thought this, insofar as any were stated, are a bit diverse.
No, I do not know why so many English philosophers go by their initials.
Charles Travis
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“Esta série de seminários analisará dois aspetos centrais da atual filosofia da perceção. Um dá pelo nome de disjuntivismo, o outro cai sob a designação de representacionismo. Há muitos equívocos em relação a estes dois assuntos, até porque, não raramente, ambos os termos são usados para se referirem a coisas muito distintas. O disjuntivismo e o anti-representacionismo normalmente andam a par, mas não necessariamente. É comum considerar, na filosofia recente, o trabalho de J.L. Austin e o de J.M. Hinton como exemplos de disjuntivismo e anti-representacionismo. Mas os antecedentes de ambas as posições podem ser encontrados em Frege, cuja principal preocupação, afinal, foi a de analisar a estrutura geral de um particular tipo de representação. O disjuntivismo está diretamente relacionado com a ideia (fregeana) da publicidade do pensamento e da linguagem; nesse sentido, está diretamente relacionado com os argumentos contra a possibilidade de uma linguagem privada. Perceber esta relação ajuda a que se olhe para o disjuntivismo como uma posição plausível e razoável, e não como uma posição algo esotérica (como é frequentemente visto pelos seus oponentes). Neste seminário, tentaremos olhar para esta questão com algum detalhe.
Um dos propósitos deste seminário é então o de fazer reconduzir esses dois assuntos centrais da atual filosofia da perceção – o disjuntivismo e o representacionismo – até ao trabalho de Frege. A partir daí, é possível analisar a evolução desses conceitos olhando para o trabalho de Austin e Hinton. Já McDowell é alguém que, de uma forma pouco usual, consegue combinar disjuntivismo com uma certa forma de representacionismo. A sua obra também se caracteriza por conter mais do que um tipo de disjuntivismo (não apenas sobre perceção). Portanto, teremos em atenção algum do seu trabalho. Todos estes assuntos serão apresentados no contexto de um debate que se prolonga já por uma década; podemo-nos perguntar se houve algum progresso nestes dez anos, e isso é algo que procuraremos perceber.
Para os nossos propósitos, a obra mais importante de Frege é “O pensamento” (1918); o mais importante texto de Austin é Sense and Sensibilia (1962) e o de Hinton é “Visual Experiences” (1967). Quanto a McDowell, é boa ideia ter em mente o seu Mind and World (1994), mas o texto mais importante será “Avoiding the Myth of the Given” (2008) e a 2ª conferência das suas Agnes Cuming Lectures (2013). Como background, para quem esteja interessado, as primeiras oito secções do livro de Sellars, Empiricism and the Philosophy of Mind (1956) contêm material relevante. Talvez seja importante também lembrar que Austin, Hinton, e também Frege, reagiam contra uma série de filósofos que são hoje em dia conhecidos como ‘filósofos dos sense data’ (embora nem todos concordassem com a designação) – entre eles, H.A. Pritchard, H.H. Price, G. E. Moore e A.J. Ayer. Os mais curiosos poderão querer ler o trabalho de alguns deles. Talvez a única coisa que eles tivessem em comum (ainda que Ayer nunca aceitasse isto) fosse a convicção de acordo com a qual o que quer que seja que nós vejamos/percecionemos, não é certamente o mundo lá fora. As razões pelas quais eles poderiam ter essa convicção são bastante diversas.”